Uma dica: Clark Kent (Tom Welling) não usa sua jaqueta vermelha no "Finale" de "Smallville".

Atenção! O texto está carregado de Spoilers. Portanto, se não quiser saber o que acontece, não leia!

O último episódio de Smallville foi exibido nesta sexta-feira, 13 de maio, nos EUA, através do canal The CW, encerrando 10 anos de história.

A série que narrou a longa jornada do jovem Clark Kent cumpriu sua meta: de sua adolescência na pequena cidade de Smallville no Kansas até ele se tornar o Superman em Metrópolis, o herói de que todos precisam e o maior defensor da Terra. Como todos esperavam – e isso não é spoiler nenhum – Clark Kent (Tom Welling) completa sua jornada e se transforma no Superman.

Batizado apenas como Finale, o último episódio de Smallville, na verdade, reúne os capítulos 21 e 22 da 10ª temporada, os de número 217 e 218 da série. E sua trama é bem construída, podendo agradar tanto aos fãs quanto aqueles que simplesmente se interessem pela história do Superman.

Tom Welling em 2001 (no episódio "Piloto"): longa jornada.

Embora permeado de momentos piegas e alguns clichês – principalmente no começo – o que se vê é, no todo, uma boa história para a televisão: o planeta Apokolipse se aproxima da Terra e, com isso, aumenta a influência da entidade Darkseid sobre os humanos, corrompendo-os e dominando-os de modo maligno. Ao mesmo tempo, Clark e Lois Lane (Erica Durance) têm que terminar os últimos acertos de seu casamento (e a noiva está a ponto de desistir de tudo! – lágrimas e mais lágrimas). Mas há um problema maior: Oliver Queen (Justin Hartley), o Arqueiro Verde, o maior aliado de Clark, está contaminado pelo “lado negro” e os três profetas de Darkseid o fizeram encontrar um pedaço de kryptonita amarela, a mais poderosa de todas e que pode eliminar os poderes de Clark para sempre! Enquanto procura uma forma de ajudar os heróis em sua empreitada, Tess Mercer (Cassady Freeman) é sequestrada por seu pai, Lionel Luthor (John Glover) que quer usar seu coração para salvar a vida de Lex Luthor (Michael Rosenbaum), que antes de morrer (na 8ª temporada) havia iniciado a um programa de clonagem de si próprio.

O Arqueiro Verde cumpre papel fundamental no episódio final.

Agora, Clark Kent precisa descobrir as peças que faltam para se transformar no Superman e usar todos os seus poderes – atenção fãs, todos! – para impedir Darkseid de tomar o controle da Terra e de que Apokolipse se choque com o planeta, enquanto o Governo dos EUA se prepara para disparar mísseis nucleares contra o que pensam ser um asteróide. Lois Lane sabe que a explosão vai lançar destroços na Terra e matar milhões de pessoas e, portanto, precisa dar um jeito de entrar no Air Force 1 que está em Metrópolis e falar com o Presidente em pessoa!

No fim das contas, temos um episódio excelente de Smallville, talvez mesmo o melhor da série e não há preço ver Clark Kent finalmente alçar vôo e usar seu uniforme icônico ao som da canção-tema de John Williams.

Clark (Welling) e Lex (Rosenbaum) se reencontram após anos: ex-amigos destinados a serem os maiores inimigos.

Também é legal a cena de abertura e encerramento do episódio, que traz Chloe Sullivan (Alison Mack) em uma bela homenagem à história da série. Há participações especiais da mãe de Clark, Martha Kent (Annette O’Toole), e de seu falecido pai, Jonathan Kent (John Schneider), numa aparição deus ex-machina. Jor-El (voz de Terence Stamp), o pai kryptoniano do Superman, desempenha um papel importante.

Para os fãs de longa data, há inúmeras cenas memoráveis da série, desde a chuva dos meteoros e o acidente com o porsche de Lex Luthor, passando por algumas das mais famosas cenas de Smallville que lembram momentos-chaves dos dois.

Falando em Lex, ao contrário do que se pensava, sua volta à série não ocorre de modo desproposital e o personagem cumpre um papel importante ao episódio e ao desfecho de outras personagens.

Embora tenha uma forma física nos quadrinhos (aqui na arte de seu criador Jack Kirby), em "Smallville", Darkseid é mais uma "força", uma influência, embora consciente.

O que pesa contra o Finale são os episódios anteriores, já que Smallville começou bem a 10ª temporada, mas a metade final passou a ideia de que os produtores já havia mostrado tudo o que queriam e não sabiam mais o que fazer. Episódios imitando descaradamente filmes como Matrix, Gladiador, Homem de Ferro e até Se Beber Não Case (!) jogados assim entre os seis últimos capítulos só podem significar que o poço secou antes da hora. É uma pena, pois a trama envolvendo a Lei de Registro dos Vigilantes (VRA, na sigla em inglês) – mesmo copiada da editora concorrente Marvel (o Superman e seu universo pertencem a DC Comics) – foi uma das melhores coisas que Smallville produziu ao longo de sua história e permitiu desenvolver e adaptar o Universo DC na televisão de um modo nunca feito antes, com inúmeras personagens coadjuvantes (heróis e vilões) adaptadas. Mas esta trama se encerrou por volta da metade da 10ª temporada e ficou um vazio a ser (mal) preenchido até o final. O modo como as coisas são aceleradas neste episódio (o que não é um ponto negativo, afinal) só reforça a impressão.

Mas visto isoladamente, o último episódio se sustenta e traz um nivel de ameaça altíssimo – bem maior do que os dos filmes do Superman, por exemplo – e, também ao contrário de outras ocasiões em que grandes perigos ocorreram na série, desta vez tudo é bem resolvido. O capítulo também não se furta de dar um salto ao futuro e mostrar o que acontece depois de Smallville, servindo como um presente aos fãs da série e dos filmes.

A Liga da Justiça de "Smallville" não aparece no "Finale", mas a abordagem da série foi interessante. E no cinema?

Por fim, é necessário pensar que em suas 10 temporadas e 218 episódios – a mais longeja série de ficção científica da história dos EUA – Smallville teve pontos altos e baixos (alguns bem baixos mesmo), mas no fim das contas, esteve recheado de coisas positivas: desenvolveu conceitos de modo inédito (o jovem Kal-El chegar à Terra em sua nave encoberta por uma chuva de meteoros, que trouxeram a kryptonita, a sua maior fraqueza futura); explorou o Universo DC em suas três últimas temporadas, com uma origem mais lenta e detalhada da Liga da Justiça.

Agora, com o término de Smallville, Superman e Liga da Justiça alçarão vôos literalmente mais altos. O homem de aço terá um novo filme a estrear em 2012 e a Warner promete um filme (o primeiro) da Liga da Justiça para 2013. Após a experiência da série, a adaptação do Universo DC nas telas e o nível de ameaça mostrado, é de se esperar que os milhões de dólares a mais permitam finalmente firmar a franquia do último filho de Krypton nas telonas e, quem sabe, ser tão bem-sucedido quanto seu amigo mascarado e sombrio de Gotham City.